Uma vida normalíssima

Uma vida normalíssima

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Sou Touro, começo por vos dizer isto. Sou o 8 ou 80, não há cá meios termos, nem meios amores, na verdade não há cá meios nada. Há comidas que adoro, todas as outras detesto. Há livros que me apaixonam, nos outros não pego. Podíamos discutir o quão mau é ser assim, que deveria ser um 40 e eu própria tenho momentos em que vos daria razão. Mas eu sou assim, eu cresci assim (como diria a Sónia Braga) e é pouco provável que venha a mudar. Não que seja aversa a mudanças, nem pensar, mas porque tenho um feitiozinho manhoso e, portanto, tenho quase a certeza que não irá acontecer. Ora, isto aplica-se a quase tudo na minha vida. Portanto, nunca fui menina de ser amiga de toda a gente. Muito pelo contrário. Sou muito picuinhas em relação aos meus amigos e, na verdade, normalmente nunca simpatizo com as pessoas à primeira. Sou cordial, não trato mal ninguém, mas não passo confianças desmedidas. Quando acabei o secundário, se tivesse 4 amigas era muito. Convivia com várias pessoas, conhecia muitas mais, mas amigas amigas (daquelas mesmo mesmo boas) contava-as pelos dedos das mãos. Quando fui para a faculdade pensei logo que, com o meu feitio, era bem capaz de criar mais antipatias do que amizades o que, na verdade, não se sucedeu. Lembro-me do meu primeiro dia como se fosse hoje (e na verdade já foi há 7 anos), eu, envergonhada, a pedir ao L. para ir perguntar àquelas pessoas se a minha sala era aquela. Lembro-me que me tinham contado horrores da praxe e que eu morria de medo de ser descoberta caloira. Até que ele faz sinal para eu me aproximar de duas pessoas... um rapaz e uma rapariga. Até hoje o P. e a AL. são duas das pessoas mais importantes da minha vida. Em 3 anos passei mais com eles os dois do que em 6 de secundário, de adolescência, de parvoíces. E com a AL aprendi a ser mais tolerante, mais ponderada, menos efusiva, mais paciente. Aprendi que não ganhamos nada em criticar os outros só porque sim, aprendi que não precisamos de desistir dos nossos objetivos, mas podemos fazê-lo e não há mal nenhum nisso. Estou mais forte, aguento mais críticas, não caio ao chão quando me apontam o chão. E, acima de tudo, aprendi o que significa a palavra "amigo". Percebi o que é ter alguém que não nos pode ver sofrer, que se aflige, que se revolta com o mal que nos fazem, e que vibra com as nossas conquistas. Hoje, a AL. está a 8000 km de distância de mim. E vai ficar por um ano. E eu já sinto a falta do colinho e das palavras que me acalmam. Do sorriso dela quando me vê chegar a casa dela com o L. e sabe que agora estamos todos tão bem. A AL é uma das minhas pessoas favoritas e aquela de quem mais me orgulho. Porque, de coração vos digo, não há muita gente como ela no mundo e eu sou a rapariga mais felizarda por tê-la como a melhor amiga que podia existir.


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